Powered By Blogger

segunda-feira, 9 de julho de 2012

SEMINÁRIOS: SERTÃO E SABER


Alunos do 3º ano B fizeram um excelente trabalho de pesquisa, onde entrevistaram personagens do sertão: Parteira, Benzedeiro e Vaqueiro. Apresentação em sala de aula dia 14 de junho de 2012.

Parteira: 

Cordel:
Autoria: Macílio Silva

Boa tarde cidadões
Não tome  conclusões
Do que vou lhes falar
Podem até gritar
Se quiser  me alegrar
Diga-me quantas parteiras existe em Quixadá?
Mulheres valentes
E muito competentes
Que ajudam a comunidade
Melhorando a sociedade
Pensando na criança
Sempre com esperança
Muitos não percebem
O quanto elas intercedem
Na vida da família
Saindo para guerrilha
Da paz e do bem
Pensando na criança e em sua mãe também
Não ligam para a distância
E sim dão importância
Para o que vão fazer
Sabendo que vão perecer
Aos perigos que contém
Vivem pela vida daquele que agora vem
Um ser especial
Acho que não tem igual
Na minha comunidade
Fazem pela caridade
De ajudar o semelhante
Mesmo tento que batalhar bastante
Agradeço a  vocês
E fico ansioso
Espero ter ajudado o povo
 A respeitar e compreender
O tanto que merecer
As parteiras do Ceará.

 Benzedeiro: 

·        O que o benzedeiro faz?
            Ao chegar uma pessoa enferma se percebe por experiência a maneira como ela se posta e através da postura de seus olhos, braços e ombros pode-se ter uma idéia do tipo de doença e qual será a sua reza para curá-la.
·        Por que o senhor reza em silêncio?
Por que não é bom demonstrar o que fazemos. Não por egoísmo ou algo qualquer, mas pelo respeito que devemos ter para a nossa fé. O assunto é só entre Deus, o enfermo e eu. O segredo de tudo está na humildade, bondade e na caridade. E Deus sente o que vai na alma de cada um.
·        Qual a sua religião?
Católico.
·        Quando se vai rezar é utilizado algum instrumento?
Sim. Ramo verde. Pois os males do  enfermo não passa pra gente, fica tudo no raminho, que muitas vezes chega a secar durante uma reza.
·        Como desenvolveu seu trabalho?
Aprendi com minha avó, que aprendeu com seus ancestrais, mas acho que tudo é dom de Deus.
·        Já foi criticado por seu trabalho?
Não, nunca.
·        Se rezar e a pessoa não acreditar o que acontece?
O benzedor sabe quando a pessoa não crê e fala com ela, a advertindo sobre o que pode acontecer. No máximo ela não se cura, mas Deus é maior.
·        Você recebe dinheiro por isso?
Não.
·        Como sabe que o individuo está doente e quem foi o causador?
Saber  que a pessoa está doente é fácil, saber quem é o causador é outra coisa. Rezar para que uma pessoa fique boa é a minha missão, mas não posso dizer quem é o causador. Há muitas causas, mas tudo depende da fé.
·        Há quanto tempo você exerce o seu trabalho?
 Desde os 10 anos de idade.

 Vaqueiro:

Entrevista
Nome: Antonio Marcos De Sousa
Idade: 53
Local De Nascimento: Daniel De Queiroz-Quixadá
P1-Como você percebeu que tinha vocação para ser vaqueiro?
R1-Não percebi, a vida me deu de presente, pois desde pequeno sempre lidei com o gado, meu pai era vaqueiro dos bons, daqueles que os bichos obedeciam. Isso me deu uma referência maior.
P2- O que você sente ao exercer esse ofício?
R2- Na verdade o que sinto é tristeza e alegria, pois as vezes é muito triste ver o gado sofrendo com a seca medonha, e por outro lado e muito satisfeitório  ver o gado na invernada em tempos bons de chuva. Então deixa a gente com dois sentimentos.
P3- Você já recebeu alguma remuneração pela sua prática?
R3- Já, pois já trabalhei em várias fazendas, hoje estou cuidado do que é meu, é muito pouco, 10 a 15 cabeças de gado mas cuido como se fosse um grande rebanho.
P4- Algumas vezes pensou em desistir  dessa prática?
R4- Com certeza, muitas vezes, principalmente ao ver o gado morrer sem ter o que comer e beber. Mas o gado é minha paixão e eu acho que devo continuar.
P5- Tem pretensão de parar de ser vaqueiro?
R5- Bem, como eu já exerço essa prática, pretendo continuar com ela até o fim de minha carreira.
P6- Você acha que essa prática deve sempre existir?
R6- Eu acho que enquanto existir gado deve existir o vaqueiro.
P7- Em toda a sua trajetória de vaqueiro algum fato o marcou bastante? Qual?
R7- Sim! A morte do meu pai que era um vaqueiro completo. Foi o que mais me marcou. O gado urrava sem parar. E o cachorro não saiu de perto da cova durante muito tempo. Foi preciso ir busca-lo pra que não morresse de fome. O gado sentiu a sua falta porque ele era um vaqueiro que o gado obedece, ele dava remédio e se preocupava para que o animal não chegasse a morrer. Quando uma vaca estava para parir no meio da mata ele ficava lá até o bezerro nascer. Era um curador. Meu pai era um vaqueiro de verdade.
P8-Porque costumeiramente você se veste com esse gibão?
R8- Para me proteger dos espinhos e obstáculos que encontramos em nossos caminhos. É também  muito bom para nos proteger do sol.
P9- Você acha que o costume de o vaqueiro andar a cavalo está sendo substituído pela moto?
R9-  Para mim isso não é bem verdade. A moto serve para andar em estradas.   Mas  o vaqueiro legítimo anda a cavalo enfrentando espinhos e muitos outros obstáculos. A  moto não dar pra correr atrás do gado dentro da mata, nem para mudar o gado de um pasto para o outro.
P10-Deseja acrescentar mais alguma coisa?
Hoje eu cuido do meu gadinho. Faço celas, faço chicote e arreios.
E fico muito feliz quando alguém me procura e obrigado por querer saber da vida de vaqueiro.








Nenhum comentário:

Postar um comentário